Publicado como um guia passo a passo para os aspirantes a tipógrafos no século XIX, Manual da Tipografia Brasiliense é a síntese de décadas de experiências do autor em um ateliê tipográfico, tendo executado desde a função de aprendiz até a de diretor, com observações extremamente práticas para a época – e curiosas para os atuais amantes de tipografia, editoração, livros e história.
Publicado em 1832, pela tipografia do próprio autor, apenas um exemplar da obra sobreviveu até os dias de hoje, guardada na Biblioteca Nacional. Esta segunda edição buscou recuperar integralmente todo o seu conteúdo (muitas partes do exemplar encontravam-se danificadas), em um esforço de manter viva a história da tipografia. Tata-se do sexto título a compor a Coleção Memória Tipográfica, cujos outros livros, inclusive, fazem referência a este.
O Manual traz primeiro uma breve retomada histórica da origem e evolução da tipografia, e logo parte para os ensinamentos sobre como criar e administrar uma oficina – passando por toda sorte de tópicos, como a arquitetura da casa tipográfica, materiais, utensílios, competências e conhecimentos necessários aos funcionários, e os próprios processos de composição, revisão e impressão, em sua definição e prática, além do papel exercido pelo próprio diretor da tipografia.
Recheada de opiniões e propostas únicas e – por que não dizer – até mesmo divertidas, esta obra de Ogier apresenta uma série de orientações que vão além da atividade tipográfica, abordando também questões como relações de trabalho horizontais e humanizadas, e revelando uma visão de mundo bastante fora de seu tempo. Em tudo, o Manual da Tipografia Brasiliense leva seu leitor a ter uma perspectiva totalmente nova sobre a realidade cotidiana das oficinas tipográficas e sobre os processos de produção de obras que então eram realizados.